quinta-feira, 28 de maio de 2009

BARBA

BARBA
Meraldo Zisman
Psicoterapeuta de Jovem

Barba são os pêlos que crescem no queixo, nas faces e na frente do pescoço do homem. O estudo da barba é chamado de Pogonologia.

O costume de preservar ou retirar os pelos da face, mais do que um indicador de um hábito corriqueiro, abre caminhos para que compreendamos as diferenças sócioculturais, entre as classes sociais dos mais diversos povos.

Na era Paleolítica (da Pedra Lascada), 40 mil anos atrás, os homens da caverna descobriram como raspar os pelos do rosto utilizando lascas de pedra amoladas. Apareceram, assim, os primeiros sinais de vaidade masculina, expressas nas pinturas rupestres, apresentando homens com barba e homens sem ela. Foram encontrados silexes afiados e conchas marinhas que representaram, certamente, as primeiras lâminas de barbear.

No Egito Antigo, os membros da nobreza cultivavam a barba como um sinal de status - os senadores de Roma são exemplos disso - enquanto, os da classe sacerdotal, optavam por uma total depilação dos pelos para se distanciar dos animais.

As estátuas dos filósofos gregos, em geral, são acompanhadas de figuras com fartas barbas. Dizem que Alexandre, o Grande, proibia o uso da barba entre seus soldados, pois a mesma trazia desvantagens às suas tropas em caso de batalha corpo a corpo, costume adotado pela soldadesca romana. Raspar os pelos e a barba era permitido ao futuro cidadão romano, só após a puberdade, como um rito de passagem. Ali surgiu o creme de barbear (à base de óleo de oliva) visando tornar esta prática diuturna e menos dolorosa.

Na Idade Média, com a cisma da Igreja, os sacerdotes do rito Greco Ortodoxo deixaram crescer enormes barbas, enquanto os padres da Igreja de Roma a raspavam, para não serem confundidos com cristãos dos ritos orientais e, muito menos, com judeus ou muçulmanos.

Além disso, o uso do bigode gerava bastante polêmica entre os cristãos medievais, pois estes eram ostentados pelas levas de bárbaros germânicos que invadiam o claudicante Império Romano. Fato semelhante acontece, hoje, nos Estados Unidos da América do Norte, em relação aos imigrantes hispânicos.

Quanto a deixar a barba crescer ou não, nos últimos séculos, na Europa, o hábito passou a fazer parte da vaidade masculina. Surgiram novos tipos de navalhas - artefatos dos mais estranhos – que foram sendo aperfeiçoadas do século XVIII em diante, e que se perpetuam, até hoje, sem se encontrar uma que seja completamente indolor, mesmo em nossa era eletroeletrônica.

A invenção dos irmãos Kampfe (americanos), e suas navalhas em T, influenciaram o caixeiro-viajante King Camp Gillette que, com o auxílio de Willian Nickerson (um engenheiro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts), criaram uma nova marca de lâmina, e barbeadores largamente utilizados por homens e mulheres das várias partes do planeta.

Durante o século XX, esse quadro mudou: apresentar um rosto lisinho virou sinônimo de civilidade e higiene, ao passo que os barbudos eram considerados anti-higiênicos. Foi nas décadas de 1970 e 1980, que, cavanhaques e bigodes começaram a virar uma febre entre os homossexuais norte-americanos.

Nos dias atuais, a barba está associada aos temíveis terroristas do Islã ou a pessoas com um visual alternativo. Mesmo sem indicar, obrigatoriamente, um determinado comportamento ou opção, a barba revela como as diferentes culturas salientam seus valores de unidade e diferença. Sigmund Freud, ele mesmo, autor do livro Preconceito das Pequenas Diferenças, passou a ser um cultivador deste fânero facial, após a fama. No Brasil, após a subida de Lula, voltou a moda da barba como símbolo de Poder. É possível perceber que tudo é questão de moda!

BULLYNG - VIOLÊNCIA ESCOLAR

BULLYNG - VIOLÊNCIA ESCOLAR
Meraldo Zisman

Bullying é um termo inglês empregado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, que são praticados seja por uma pessoa, ou seja por um grupo de "valentões", com o objetivo de intimidar e/ou agredir uma ou várias pessoas incapaz (es) de se defender.
Por não existir uma palavra equivalente na língua portuguesa, capaz de expressar todas as situações possíveis de bullying, registro, a seguir, algumas ações que estão relacionadas a esse tipo de violência: colocação de apelidos, humilhações, ofensas, discriminações, assédios, gestos violentos, agressões, empurrões, chutes, tapas, ferimentos, destruição de pertences, intimidações, entre outros.
Uma pesquisa realizada pelo Institute Warwick Medical School, da University of Warwick, Coventry, na Inglaterra, e que foi publicada no Arch Gen Psychiatry, em 2009, concluiu que as vítimas das agressões acima citadas se tornavam mais susceptíveis de apresentar sintomas psicóticos, no início da adolescência. Neste sentido, das 6.437 crianças estudadas desde o nascimento, e submetidas anualmente a avaliações física e psicológica, aquelas que haviam sofrido agressões, por parte dos colegas, apresentaram uma propensão, quatro vezes maior, de desenvolver sintomas psicóticos - alucinações, delírios e distúrbios de pensamentos - na pré-adoles cência, quando comparadas com as crianças que não sofreram violências (o grupo de controle).
Mesmo aquelas que não foram vitimizadas, e, apenas, presenciaram as cenas de vandalismo em relação aos colega(s), temendo vir a se tornar a próxima vítima, estavam mais propensas a ser pessoas desajeitadas, do ponto de vista social, e mais susceptíveis de ser alvo de chacotas, quando adultos, principalmente em âmbito profissional. O mesmo resultado foi encontrado em uma pesquisa realizada com gêmeos monozigóticos, que frequentaram educandários distintos: aquele que sofreu agressões de seus pares apresentou dificuldades sociais, ao passo que seu irmão (ou irmã), que não vivenciou tal situação, não apresentou qualquer dificuldade social.
De forma geral, então, a violência escolar deveria ser um alvo de maior interesse, em se tratando da prevenção e intervenção precoce à saúde mental e à profilaxia das psicoses. E, se 10% das crianças inglesas sofreram ou virão a sofrer algum tipo de agressão, por parte dos seus colegas, imaginem os(as) leitores(as), em nosso país, o percentual de casos que existe entre as crianças das populações marginalizadas.

Arrematando: o bullying aumenta, sobremaneira, a probabilidade de as crianças desenvolverem transtornos psiquiátricos, a exemplo da esquizofrenia e da depressão na adolescência, estendendo-se isso à vida adulta. Por sua vez, as crianças e adolescentes que são abusadoras(es), no presente, também estão propensos a desenvolver comportamentos antissociais no futuro. Portanto, qualquer tipo de violência na idade escolar, deve ser encarado como um sério problema, agora e sempre.