quinta-feira, 26 de março de 2009

O BANHEIRO DO PAPA




O BANHEIRO DO PAPA
Meraldo Zisman
Psicoterapeuta de Jovem


O Banheiro do Papa (El Baño del Papa, 2009) foi um filme uruguaio que assisti, alugado de uma locadora. Lançado no Brasil em 2007, produzido pelos estúdios Laroux Cine/Chaya Films, e dirigido por César Charlone e Enrique Fernández, a película se passa no ano 1998, no povoado de Melo, fronteira entre Brasil e Uruguai.
Aquele burgo está agitado, correm os boatos de que, em breve, o Papa fará uma visita ao vilarejo. Neste sentido, espera-se que milhares de pessoas cheguem à cidade, e a população local se anima, percebendo o futuro evento como uma oportunidade para comercializar comidas, bebidas, bandeirinhas de papel, souvenirs, medalhas comemorativas, entre outros produtos. O protagonista Beto (César Trancoso) é um contrabandista que decide construir um sanitário condigno para a visita do Papa, no qual as pessoas poderão usar durante o evento. Para tanto, empenha todas as suas economias, e se endivida na construção de um banheiro mais requintado, contendo porta, bacia sanitária, descarga e um pedaço de papel higiênico para cada futuro usuário. No entanto, chega a noite, o Papa não vem, e o povoado fica ainda mais miserável e sem esperanças.
Lembrei-me desse filme, ao ler as queixas do Senhor Secretario de Turismo, do Rio de Janeiro, Antonio Pedro Figueiredo de Melo. Ele declarou que, até o fim da semana pós-carnavalesca (2009), foram danificados, por gangues de vândalos, 166 banheiros químicos, de um total de 821 instalados pela Prefeitura. Equipamentos sanitários completamente derrubados, arrasados, destruídos, a maioria sem portas. Creio que a edilidade não respeitou o aspecto psicossocial dos foliões. Carnaval é carnaval, é liberação! Afinal, para que servem as portas? Pergunto: e tudo é permitido no carnaval, mormente neste, em principio do século XXI?
O povo resolveu a questão, como de hábito, em plantas, postes, fachadas, bueiros e outros locais já consagrados. O problema imediato foi resolvido "a céu aberto". Melhor assim: deu transparência ao povaréu, que nada tem a esconder. Qualquer cantinho serviu para aliviar uma pessoa "apertada". Principalmente agora, em tempos de sambas-enredo e nudez escancarada, o que há de tão grave no fato de o cidadão fazer suas necessidades em plena rua? Quem vai ter vergonha de urinar em banheiros sem portas ou de portas abertas? Viva a liberdade!
No tempo em que eu era estudante de Medicina, um estadista norte-americano comentou: "O problema da América do Sul é a falta de latrinas!" Daí por diante, a estudantada passou a denominar o nosso continente de América Latrina.
Na verdade, a grande maioria do povo brasileiro não tem acesso a um banheiro limpo, em decorrência da falta de saneamento básico. Porém, fazer uso de um banheiro limpo é um direito, mais ou menos, universal. O Secretário de Turismo, Figueiredo de Melo, chegou a uma conclusão distinta daquela proferida pela autoridade norte-americana. Ele declarou, em uma revista de circulação nacional: "Não adianta ter banheiro se não houver educação!" E ponto final!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Valério Rodrigues

Valério Rodrigues
Meraldo Zisman
Psicoterapeuta de Jovem


Tarde de sábado de 21 de março de 2009, um prolongamento extraordinário dos nossos almoços das sextas-feiras. Um almoço vetusto, de 36 anos e trá-lá-lá, como o Comandante Valério Rodrigues costuma brincar com sua idade. Os freqüentadores desse almoço não falam do passado, mas discutem o presente para melhor planejar o futuro. Falamos, discutimos e conversamos, pois não desconhecemos que o valor do homem está no que ele fez, faz e fará. Esta é a régua do mortal! Destaco: o homem vale pelo que realiza! No entanto, desejo sublinhar a figura do nosso Valério. Vamos por parágrafos. Da Família: Junto à esposa, Cordalia, companheira e parceira do aniversariante, parabenizo pela estirpe unida e respeitosa, os netos que aqui se encontram e outros que chegarão. É preciso lembrar: sem a família, nada somos; sem o amor, estamos todos mortos. Da Vida Pública: Quando o Presidente do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) inaugurou, em 1984, a Farmácia da empresa, na Rua do Imperador, e depois a ampliou para farmácias de bairros, valeu pelo pioneirismo. Este foi um exemplo seguido por sucessivos governos, mesmo os de oposição. Da Amizade: Estranho fenômeno esse, do mundo afetivo: você não sabe como ele acontece, ou quando começa, mas, sente e conhece a alegria que proporciona. O meu amigo é um mestre na arte de agregar pessoas. É como a música, uma metáfora de liberdade e expressão de talento da linguagem universal. Valério é Mestre na Arte de Agregar! E por falar em música, sinto contentamento quando escuto suas composições, episódios pitorescos da veterana carreira política, que até meus netos já aprenderam. Aí vai a primeira delas: Dona Maria cadê Nino?Tá na praia, fazendo menino,Oi Nino, oi Nino... Prossigo com a cançoneta cômico-trágica, em homenagem a um sogro, cantada (ou inventada) por um pescador da praia de Maria Farinha: Meu sogro, meu sogro, a sua filha tá botando gáia em mim... Meu sogro, meu sogro, A bicha é ruim e ainda dá em mim. É a sensibilidade de captar a alma e o sentimento do povo, o que torna Valério Rodrigues uma pessoa agregadora. Para concluir, eu não poderia deixar de lembrar quando um desprecavido interlocutor lhe perguntou: Dr. Valério, quantos anos o senhor tem? E nosso aniversariante disparou: O senhor é do IBGE? Portanto, eu afirmo: para se conseguir a amizade de uma pessoa digna, é preciso desenvolver, em nós mesmos, as qualidades que naquela admiramos. Obrigado Valério, por me permitir ser seu amigo! Até os próximos almoços das sextas-feiras! E que sejam muitas as sextas-feiras sob seu comando! Parabéns mesmo! (Assino, Meraldo, irmão de Fernando Zisman que, acredito, desceu do céu, e está aqui presente para comemorar este aniversário).