sexta-feira, 13 de março de 2009

Crise e Economia Mundial

Crise e Economia Mundial

Publicada no Diario de Pernambuco

Caderno Opinião 12 de março de 2009

Meraldo Zisman

Psicoterapeuta de Jovem

O consumismo é tido como um dos grandes problemas da vida moderna. Ele causa não apenas transtornos financeiros, mas, afeta, também, o psicológico das pessoas. Existem, por exemplo, pessoas compulsivas por comida, luxo, sexo ou poder; e existem aquelas que necessitam comprar qualquer coisa, para satisfazer o mecanismo de compensação e sua compulsão. Hoje, muitas pessoas têm depressão, e um dos motivos disso é a perda da própria essência. Dito de outra maneira, elas "abraçam" as coisas do mundo, mas, esquecem de si mesmas.

Em determinadas circunstâncias, elas podem se comportar de forma infantil, impensada, movidas inteiramente pelos impulsos. Não se tratam de seres "infantilizados", porém, de pessoas que, apenas em algumas situações, agem de forma inadequada, como se fossem crianças, obedecendo somente à sua impulsividade e sem qualquer discernimento. Posteriormente, têm consciência de seu comportamento, e se sentem até incomodadas por ele, mas não conseguem evitar que se repita: acabam não enxergando a vida, ou não a aproveitando, como ela merece. Tudo isto é explorado pela propaganda desvirtuada.

No presente, a palavra de ordem é virtualidade. Tudo é virtual: até o amor e a atração sexual passaram a ser virtuais. Penetramos na virtualidade de todos os valores, onde não há compromisso com o real. Passamos a ser ainda cidadãos virtuais, e ficamos à mercê da propaganda. Nela, "possuir" algo, dirigir tal carro, tomar tal refrigerante, usar tal artigo de grife, é mais importante do que "ser". E, mesmo depois de consumirmos, o resultado final não traz a felicidade propalada. É a civilização da imbecilidade!

Tenho a impressão de que ficamos, a cada dia, menos cultos. Os psicanalistas e psicoterapeutas tentam descobrir o que fazer com os desejos de seus pacientes. Eu, que trabalho nessa área, gostaria de oferecer uma sugestão: o grande desafio é gostar de si mesmo, e ver como é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante.

Muitas vezes, passeando pelos shoppings, digo aos vendedores, que me assediam para comprar:

Estou apenas fazendo a minha higiene mental!

Diante de seus olhares espantados, explico que estou parafraseando Sócrates, o filósofo grego do século IV a.C. A verdade é que gosto de tranqüilizar minha alma, percorrendo o "Centro Comercial de Atenas". E, caso os vendedores continuem insistindo comigo, ressalto: Estou apenas observando quantas coisas existem, e que delas não preciso para ser feliz!

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