quinta-feira, 5 de março de 2009

DIFERENÇAS DE MENTALIDADES*

DIFERENÇAS DE MENTALIDADES*

Meraldo Zisman

Psicoterapeuta

Vicky Cristina Barcelona é o titulo do filme escrito e dirigido por Woody Allen, exibido no Brasil em novembro de 2008, e interpretado pelos atores Javier Bardem, Scarlett Johansson, Rebecca Hall e Penélope Cruz. As duas protagonistas - Vicky e Cristina -, ambas americanas, são grandes amigas em férias em Barcelona. Vicky faz o tipo mulher sensata: está noiva e vai se casar em breve com um nerd americano. Cristina, por sua vez, está sempre em busca de uma nova paixão para agitar mais sua cabeça desmiolada. O enredo é mais ou menos assim, tendo como pano de fundo a encantadora cidade espanhola de Barcelona.

Certo dia, em uma galeria de arte, elas conhecem Juan Antonio, um pintor espanhol do tipo latin-lover made in Hollywood, que, segundo as fofoqueiras locais, acabara de sair de um divórcio atribulado, tendo sido, até, esfaqueado pela sua (ex) mulher Maria Helena - interpretada pela fogosa, encantadora e maravilhosa atriz Penélope Cruz.

Ainda naquela noite, durante o jantar, o pintor Juan Antonio (Javier Bardem) se aproxima da mesa em que Vicky e Cristina se encontram e lhes faz uma proposta de viajar com ele para Oviedo. Vicky, de imediato, sempre muito ajuizada, inicialmente rejeita a idéia; mas, Cristina a aceita e consegue convencer a amiga a acompanhá-la. Este é o início do relacionamento conturbado de ambas com Juan Antonio; e, piora, depois, quando entra em cena a mulher do pintor. Nesse imbróglio, Woody Allen teve a oportunidade de evidenciar seu talento genial: ele é um neurótico, no campo da psicodinâmica humana.

Acho, porém, que faltou algo nesse filme. Percebi uma dificuldade de entrosamento entre a civilização "latina" e a "anglo-saxônica". As duas culturas se admiram mutuamente, mas, não se interpenetram. Assim como Barcelona, são estereotipadas e voltadas para o turismo, bem ao gosto dos norte-americanos. Na película, eu senti uma dissociação entre o cenário (a cidade de Barcelona), a biografia das americanas, e, também, a do Diretor. Das três artistas, fico com Penélope Cruz, muito embora as americanas sejam de tirar o fôlego de qualquer mortal. Por fim, afirmo que as duas culturas podem se amar ou se odiar, porém, jamais se casar. Com toda a certeza, não dará certo: as mentalidades de ambas são muito diferentes.

* A ARIZ PENELOPE CRUZ RECEBEU O OSCAR ( FEVEREIRO DE 2009) COMO A MELHOR ATRIZ COADJUVANTE, ENQUANTO O HUMOR JUDAICO SE FAZ PRESENTE DO PRINCIPIO AO FIM DE MAIS UM FILME DO CINEASTA WOODY ALLEN.

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