DIFERENÇAS DE MENTALIDADES*
Meraldo Zisman
Psicoterapeuta
 Vicky Cristina Barcelona é o titulo do filme escrito e dirigido por Woody  Allen, exibido no Brasil em novembro de 2008, e interpretado pelos atores Javier  Bardem, Scarlett Johansson, Rebecca Hall e Penélope Cruz. As duas protagonistas  - Vicky e Cristina -, ambas americanas, são grandes amigas em férias em  Barcelona. Vicky faz o tipo mulher sensata: está noiva e vai se casar em breve  com um nerd americano. Cristina, por sua vez, está sempre em busca de  uma nova paixão para agitar mais sua cabeça desmiolada.  O enredo é mais ou  menos assim, tendo como pano de fundo a encantadora cidade espanhola de  Barcelona.
Certo dia, em uma galeria de arte, elas conhecem Juan Antonio, um  pintor espanhol do tipo latin-lover made in Hollywood, que, segundo as  fofoqueiras locais, acabara de sair de um divórcio atribulado, tendo sido, até,  esfaqueado pela sua (ex) mulher Maria Helena - interpretada pela  fogosa, encantadora e maravilhosa atriz Penélope Cruz. 
Ainda naquela noite, durante o jantar, o pintor Juan Antonio (Javier  Bardem) se aproxima da mesa em que Vicky e Cristina se encontram e lhes faz uma  proposta de viajar com ele para Oviedo. Vicky, de imediato, sempre  muito ajuizada, inicialmente rejeita a idéia; mas, Cristina a aceita e  consegue convencer a amiga a acompanhá-la. Este é o início do relacionamento  conturbado de ambas com Juan Antonio; e, piora, depois, quando entra em  cena a mulher do pintor. Nesse imbróglio, Woody Allen teve a oportunidade de  evidenciar seu talento genial: ele é um neurótico, no campo da psicodinâmica  humana.
Acho, porém, que faltou algo nesse filme. Percebi uma dificuldade de  entrosamento entre a civilização "latina" e a "anglo-saxônica". As duas culturas  se admiram mutuamente, mas, não se interpenetram. Assim como Barcelona, são  estereotipadas e voltadas para o turismo, bem ao gosto dos norte-americanos. Na  película, eu senti uma dissociação entre o cenário (a cidade de Barcelona), a  biografia das americanas, e, também, a do Diretor. Das três artistas, fico com  Penélope Cruz, muito embora as americanas sejam de tirar o fôlego de qualquer  mortal. Por fim, afirmo que as duas culturas podem se amar ou se odiar, porém,  jamais se casar. Com toda a certeza, não dará certo: as mentalidades de ambas  são muito diferentes.
 *  A ARIZ PENELOPE CRUZ RECEBEU O OSCAR ( FEVEREIRO DE 2009) COMO A  MELHOR ATRIZ COADJUVANTE, ENQUANTO O HUMOR JUDAICO SE FAZ PRESENTE DO  PRINCIPIO AO FIM DE MAIS UM FILME DO  CINEASTA WOODY ALLEN. 
 
 
 
 

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