domingo, 1 de março de 2009

VIOLÊNCIA ESCOLAR.

VIOLÊNCIA ESCOLAR.
Meraldo Zisman

(BULLYNG)



Bullying é o termo em inglês para intimidação física e psicológica, assim como a disseminação regular de apelidos depreciativos, boatos e fofocas. É muito mais freqüente que a Sociedade, pais ou professores gostariam de acreditar.

A escola passa a ser uma tortura para determinadas crianças e adolescentes, quando motivos de chacotas pelos outros colegas. Não somente as agressões físicas e as torturas corporais são importantes. Cremos ser as psíquicas que deixam cicatrizes mais duradouras. Podemos imaginar o que se passa nos dormitórios, com determinadas crianças que são escolhidas pela "gangue de valentões" para serem torturadas. Os relatos das escolas, internatos de ordens religiosas fazem parte do nosso folclore ou anedotário das mais diversas épocas, principalmente de adolescentes cujos pais moram no Interior e necessitam passar escolaridade, mais elevada, não existente em muitas de nossas localidades.

Parece que as autoridades escolares escondem tais fatos, por segurança própria (medo de se tornarem vítimas desses jovens violentos) ou por zelarem pelo bom nome do educandário. Mesmo que não sejam internatos, os alunos combinam brigas e desforras no fim das aulas. As saídas dos colégios costumam ser palco de muitas agressões entre colegas. Atualmente, com a disseminação do uso de drogas, armas de fogo e narcotráfico, a violência está aumentando cada vez mais. Independentemente de a escola, ser pública ou privada os "rituais de passagem" -, colégios militares ou páramilitares, ordena religiosas determinadas confrarias universitárias, das mais tradicionais universidades - a agressividade passou a ser atributo do agressor.

Os professores, pensando em sua segurança individual, fazem vista grossa ao que está ocorrendo entre os seus discípulos. A imprensa também, omite ou alardeia demais quando são educandários da periferia. Muitas vezes, é necessário que ocorram episódios extraordinários para que as autoridades educacionais tomem conhecimento ou que a polícia venha tomar providências. Vamos a fatos reais:

Nos Estados Unidos, foi necessário ocorrer um episódio de violência chocante para chamar a atenção para o problema. O tiroteio na escola secundária Columbine, no Colorado, foi uma tentativa trágica de revide de dois meninos que vinham sendo intimidados por dois atletas muito populares e forte do estabelecimento.

O bullying foi um dos fatores que levaram Jeffrey Weise para uma vida de isolamento antes de partir para o tiroteio desordenado de retaliação na Red Lake High School, em Minnesota, matando nove pessoas e a si próprio.

Muitas vítimas de abusos preferem o suicídio. Sabem que se tomarem alguma atitude de delação serão submetidas a castigos ainda mais severos e humilhantes, pois o sistema onde imperam a concorrência e o salve-se-quem-puder tendo a considerar o temperamento agressor como heróis do nosso século.

As escolas deveriam tomar medidas mais efetivas para deter esse tormento social. Não posso compreender como as autoridades educacionais chegam a tal ponto de omissão de tomarem medidas enérgicas contra o bullyng. Maldades escolares são fatos antiqüíssimos da História.

A partir da década de 80, um grupo de estudiosos pediatras, psicólogos, antropólogos e sociólogos- liderados pelo psicólogo Dan Olweus, da Universidade de Bergen, pesquisou cientificamente o abuso coletivo (mobbing, em inglês) - equivalente ao bullying em grupo - entre estudantes. Em pesquisas pioneiras, envolvendo estudantes suecos e noruegueses, concluíram que crianças podem ser hábeis em empregar o poder social contra o colega "mais vulnerável".

De acordo com o Centro Nacional de Estatística de Educação dos Estados Unidos, em 2003, cerca de 7% dos estudantes americanos com idade entre 12 e 18 anos notificaram ter sido alvo de bullying nos seis meses precedentes (e certamente muitos outros nunca disseram uma palavra sobre de que maneira foram abusados). A probabilidade de bullying foi maior entre as crianças com menos idade: 14% dos estudantes do 6o ano (equivalente à 5a série do Ensino Fundamental no Brasil), 7% dos estudantes do 9º ano (8ª série do Ensino Fundamental) e 2% dos alunos do 12º ano (3º ano do Ensino Médio).

Um estudo de 2001, elaborado pela Fundação Família Kaiser e Nickelodeon, revelou que 74% das crianças entre 8 e 11 anos reportaram a existência de bullying em suas escolas; 86 % das crianças entre 12 e 15 anos também observaram a existência de bullying. A maioria das crianças ficam atemorizadas, não tem coragem de delatar a situação do "colega - vitima", com medo de se tornarem, mais tarde, as próximas vítimas. O medo passa a imperar no estabelecimento de ensino. Crianças violentas possuem facilidade de organizar um cerco contra determinado colega e escolher, quando necessário, novas vítimas. Estudos longitudinais desses jovens-agressores mostram que continuam socialmente hostis pela vida afora. Sentem prazer em humilhar os outros. Freqüentemente, essas crianças, são oriundas de lares onde imperam a violência, de todos os tipos.Principalmente, dos lares desfeitos. Os primeiros estudos mostram que crianças atormentadas pelos colegas de escol a tornam-se incapazes de se defender contra a hostilidade e reagem aos ataques com angústia e retraimento . Tornam-se adultos desequilibrados e sem iniciativa.

Na escola, os agressores são considerados figuras muito populares, em contraste com a relativamente baixa posição social de suas vítimas.

Quanto às meninas abusadas, a mágoa de terem sido excluídas e ameaçadas continua afetando-as na vida adulta e propensas a sofrer violências no lar ou na vida profissional.

Os professores e as autoridades educacionais precisam dar exemplos práticos por meio de um comportamento diverso. Estudantes mais fracos não carecem ser criticados em sala de aula. Se um professor deixa claro que todos são tratados da mesma forma, os alunos vêem nisso um sinal negativo ("fracos e fortes"), incentivam o respeito ao próximo.

Não devemos nos esquecer do recente assassinato de um chino-brasileiro calouro de Medicina da nossa principal escola médica do Brasil que morreu afogado em um trote de veteranos (futuros salvadores de vidas), e, os indiciados não sofreram penalidades. Foram absolvidos.

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Um pequeno inquérito

SERÁ QUE MEU FILHO OU MINHA FILHA ESTÁ SENDO ABUSADO NO COLÉGIO OU NA FACULDADE?

Meu filho (a) é vítima de bullying?

A maioria das crianças molestada pelos colegas nada conta aos pais, por medo ou vergonha. Talvez seja de ajuda marcar o questionário a seguir, para saber como anda a situação de seu filho com outros colegas de sua classe de aula.

Resistência inexplicável em ir à escola.

Medo ou ansiedade incomuns.

Distúrbios de sono e pesadelos.

Queixas físicas vagas, tais como dor de cabeça ou de estômago, especial -mente nos dias de aula.

Pertences que são "perdidos" ou que chegam em casa avariados.

Conduta

Se você suspeita que seu filho pode ser uma vítima, não pergunte a ele diretamente. Você deve fazer perguntas como: "O que acontece durante o horário de almoço?", "Como é ir para a escola a pé ou de ônibus?", "Há alguma criança agressiva na escola?". Seja um bom ouvinte. Permita que a criança tenha tempo para explicar como se sente. Se você suspeita que seu filho (a) pode ser uma vítima, diga claramente que não é culpa dele (a). Então pergunte a si mesmo,se a situação é séria o suficiente para procurar o professor, o diretor da escola, ou até mesmo, ir à polícia.

Como coibir o bullying

Não demonstrar fraqueza é uma forma de a criança reduzir as chances de um agressor vir a escolhê-la como alvo. Algumas táticas para o confronto:

Manter postura ereta e olhar o agressor direto nos olhos.

Ser educado, mas firme. Dizer "Pare"! ou "Me deixe em paz".

Não chorar ou mostrar que ficou aborrecido, mas afastar-se, se não puder esconder o medo.

Informar um adulto de confiança sobre o ocorrido.

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Os pais também podem ajudar as crianças que estão sendo vítimas de perseguição das seguintes maneiras:

Contatar a escola, mantendo anonimato e perguntar se a instituição tem uma política para lidar com os agressores.

Se ficar seguro de que uma investigação não irá expor seu filho a riscos, informar à escola dos acontecimentos que ficaram conhecidos, fornecendo datas, hora e lugar.

Acompanhar o caso junto com os administradores da escola. Perguntar que ações foram adotadas, e como o filho vai ser mantido em segurança.Essas medidas serão muito importantes para entender que a escola não é um segundo lar e, sim, um treinamento, com raras exceções, para a concorrência de "vencer na vida" as custas de rebaixar os outros.

Uma escola onde os alunos mandassem seria uma tristeza. A Pedagogia deve ser representada por um conjunto de mestres, aqueles que guardam a tradição do verdadeiro, da bondade e do belo. E da paz e o respeito ao próximo.

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