terça-feira, 9 de junho de 2009

COTAS RACIAIS

COTAS RACIAIS

Meraldo Zisman
PSICOTRAPEUTA DE JOVEM


Quando estudante de Medicina, ele foi apelidado pelos colegas de Chá Preto. O rapaz era filho de um guarda de tráfego (naquela época, a década de 1950, uma atividade denominada, oficialmente, inspetor de trânsito). O nosso colega residia com a família em um barraco, perto do lixão da Muribeca, uma área em que a hipocrisia dos mandatários insistia chamar de aterro sanitário, e na qual a sobrevivência dos catadores de lixo dependia da competição com os urubus.

Apesar de a Faculdade ser gratuita, o pai de Chá Preto jamais poderia sustentá-lo no curso de Medicina, se não fosse pelas aulas particulares de direção, ministradas àqueles que desejavam tirar a “carta de motorista”. Na época, não existiam auto-escolas, e, tampouco, uma repartição pública responsável pelo emplacamento e emissão de licença para se dirigir. Era o paraíso dos despachantes e, nessa área, o inspetor atuava com muita competência.

Quando chegou o quarto ano da Faculdade, todos nós começamos a correr e disputar um lugar de estagiário, sobretudo em serviços especializados. Residência Médica era algo que ainda não existia. E, para Chá Preto, nunca haveria uma vaga porque ele não possuía um “pistolão”, ou seja, não era filho de médico, não tinha um importante nome de família e, ainda por cima, era preto e pobre. O rapaz, entretanto, nunca esmoreceu: estudou muito, e foi aprovado (nas últimas colocações) em um concurso para acadêmico estagiário da Maternidade da Encruzilhada. Lá, fizeram uma entrevista que valia mais que a prova escrita.

Aquela Maternidade foi a verdadeira escola de Chá Preto, durante os dois últimos anos do curso de Medicina. Lá, ele aprendeu a fazer partos, curetagens, fórceps, e a auxiliar os médicos plantonistas em cesarianas e demais procedimentos clínicos cirúrgicos. Lá, ele se tornou amigo de um obstetra - o Dr. Aprígio, um moreno sertanejo, “caladão” - que, sem qualquer alarde, lhe conseguiu um contrato de médico da Prefeitura de uma pequena cidade, onde um dos seus parentes era o Prefeito. Este foi o presente de formatura de Chá-Preto, agora o Dr. Alcebíades Bezerra. Ele teve a sorte que ninguém mais teve, e foi o primeiro concluinte da turma a colar grau já empregado.

Quando chegou à tal cidadezinha, um dia, nem bem acabara de desfazer a mala - sua única bagagem, sem contar sua maleta de médico - foi chamado às pressas para atender uma parturiente. Ao entrar em seu barraco observou a seguinte cena: ela já estava exausta e, a parteira, descompensada. Rapidamente, o Dr. Alcebíades pegou as colheres do fórceps e conseguiu retirar a criança, ainda com vida. Do lado de fora do barraco, a multidão dava vivas ao doutor. A partir desse dia, sua popularidade foi crescendo tanto que ele foi convidado para entrar na política. Sua vocação, porém, era a Medicina.

Seus pagamentos eram feitos, na maioria das vezes, através de produtos hortigranjeiros, normalmente utilizados como moeda corrente em pequenas cidades. Apesar do parco salário que a Prefeitura lhe pagava (e, sempre, com atraso), ele procurou freqüentar congressos médicos e assinar revistas estrangeiras. Para lê-las, aprendeu inglês, por conta própria.

O Dr. Alcebíades casou com a filha de um comerciante local, uma moça branca, bonita, elegante e educada em colégio de freira. Ninguém, pelo que sei, foi publicamente contrário ao matrimônio. Verdade é que o diploma de médico “branqueou” o noivo!

A vida passava, nasceram-lhe dois filhos e morreu seu sogro. Ele vendeu o armazém e a terras do falecido e, com o dinheiro da pequena herança da esposa, mudou-se com a família para o Recife. Montou seu consultório em um edifício pertencente à high society, comprou a casa de um usineiro falido, no bairro do Espinheiro, e, diga-se de passagem, não lhe foi penoso constituir uma vasta e importante clientela. Adquiriu, ainda, um automóvel condizente com o status de médico. Seu carrão - uma “limusine” - era dirigido por um motorista alto, branco, de olhos azuis e trajado de forma impecável: o doutor assim o desejava.

Certa tarde, o carro estancou em plena Rua Nova, a rua mais importante do comércio recifense. E, havia pressa em se chegar à maternidade, porque uma das grávidas que eram assistidas pelo Dr. Alcebíades tinha entrado em trabalho de parto. Desceram do automóvel, nervosos, o motorista e o profissional de Saúde. Nisto, passou pela rua um mecânico, um tipo grandalhão e gordo, com uma barriga grande, mastigando um toco de charuto apagado no canto da boca.

Agoniado com a situação, o médico falou: eu acho que é o motor de arranque. Sem perguntar nada, o mecânico levantou o capô do carro e percebeu que o cabo da bateria é que estava frouxo. Ouvindo o comentário do médico, ele ficou aborrecido e, dirigindo-se ao motorista, disse com raiva, mordendo ainda com mais força o toco de charuto babado: Se não mandar esse nêgo calar a boca, eu deixo o senhor ir a pé! Quem já se viu um nêgo dar pitaco em assunto de branco?

Na hora, fez-se, apenas, um silêncio constrangedor. Apertado o cabo da bateria, o carro pegou na primeira tentativa, e o motorista dirigiu rumo à maternidade. Olhando a paisagem da cidade, o Dr. Alcebíades concluiu: Não há diploma no mundo que vença o preconceito!

Agora, eu pergunto: será que as tais cotas raciais, que andam apregoando para as universidades, não contribuem para aumentar o racismo? E rememorei, então, o sacrifício feito pelos pais de Chá Preto para formá-lo em Medicina.

Quando dei por mim, estava com os olhos cheios de lágrimas, lembrando os esforços que meus próprios pais fizeram para que eu me formasse. Ah! Que saudade danada eu tenho dos meus velhos!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

BARBA

BARBA
Meraldo Zisman
Psicoterapeuta de Jovem

Barba são os pêlos que crescem no queixo, nas faces e na frente do pescoço do homem. O estudo da barba é chamado de Pogonologia.

O costume de preservar ou retirar os pelos da face, mais do que um indicador de um hábito corriqueiro, abre caminhos para que compreendamos as diferenças sócioculturais, entre as classes sociais dos mais diversos povos.

Na era Paleolítica (da Pedra Lascada), 40 mil anos atrás, os homens da caverna descobriram como raspar os pelos do rosto utilizando lascas de pedra amoladas. Apareceram, assim, os primeiros sinais de vaidade masculina, expressas nas pinturas rupestres, apresentando homens com barba e homens sem ela. Foram encontrados silexes afiados e conchas marinhas que representaram, certamente, as primeiras lâminas de barbear.

No Egito Antigo, os membros da nobreza cultivavam a barba como um sinal de status - os senadores de Roma são exemplos disso - enquanto, os da classe sacerdotal, optavam por uma total depilação dos pelos para se distanciar dos animais.

As estátuas dos filósofos gregos, em geral, são acompanhadas de figuras com fartas barbas. Dizem que Alexandre, o Grande, proibia o uso da barba entre seus soldados, pois a mesma trazia desvantagens às suas tropas em caso de batalha corpo a corpo, costume adotado pela soldadesca romana. Raspar os pelos e a barba era permitido ao futuro cidadão romano, só após a puberdade, como um rito de passagem. Ali surgiu o creme de barbear (à base de óleo de oliva) visando tornar esta prática diuturna e menos dolorosa.

Na Idade Média, com a cisma da Igreja, os sacerdotes do rito Greco Ortodoxo deixaram crescer enormes barbas, enquanto os padres da Igreja de Roma a raspavam, para não serem confundidos com cristãos dos ritos orientais e, muito menos, com judeus ou muçulmanos.

Além disso, o uso do bigode gerava bastante polêmica entre os cristãos medievais, pois estes eram ostentados pelas levas de bárbaros germânicos que invadiam o claudicante Império Romano. Fato semelhante acontece, hoje, nos Estados Unidos da América do Norte, em relação aos imigrantes hispânicos.

Quanto a deixar a barba crescer ou não, nos últimos séculos, na Europa, o hábito passou a fazer parte da vaidade masculina. Surgiram novos tipos de navalhas - artefatos dos mais estranhos – que foram sendo aperfeiçoadas do século XVIII em diante, e que se perpetuam, até hoje, sem se encontrar uma que seja completamente indolor, mesmo em nossa era eletroeletrônica.

A invenção dos irmãos Kampfe (americanos), e suas navalhas em T, influenciaram o caixeiro-viajante King Camp Gillette que, com o auxílio de Willian Nickerson (um engenheiro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts), criaram uma nova marca de lâmina, e barbeadores largamente utilizados por homens e mulheres das várias partes do planeta.

Durante o século XX, esse quadro mudou: apresentar um rosto lisinho virou sinônimo de civilidade e higiene, ao passo que os barbudos eram considerados anti-higiênicos. Foi nas décadas de 1970 e 1980, que, cavanhaques e bigodes começaram a virar uma febre entre os homossexuais norte-americanos.

Nos dias atuais, a barba está associada aos temíveis terroristas do Islã ou a pessoas com um visual alternativo. Mesmo sem indicar, obrigatoriamente, um determinado comportamento ou opção, a barba revela como as diferentes culturas salientam seus valores de unidade e diferença. Sigmund Freud, ele mesmo, autor do livro Preconceito das Pequenas Diferenças, passou a ser um cultivador deste fânero facial, após a fama. No Brasil, após a subida de Lula, voltou a moda da barba como símbolo de Poder. É possível perceber que tudo é questão de moda!

BULLYNG - VIOLÊNCIA ESCOLAR

BULLYNG - VIOLÊNCIA ESCOLAR
Meraldo Zisman

Bullying é um termo inglês empregado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, que são praticados seja por uma pessoa, ou seja por um grupo de "valentões", com o objetivo de intimidar e/ou agredir uma ou várias pessoas incapaz (es) de se defender.
Por não existir uma palavra equivalente na língua portuguesa, capaz de expressar todas as situações possíveis de bullying, registro, a seguir, algumas ações que estão relacionadas a esse tipo de violência: colocação de apelidos, humilhações, ofensas, discriminações, assédios, gestos violentos, agressões, empurrões, chutes, tapas, ferimentos, destruição de pertences, intimidações, entre outros.
Uma pesquisa realizada pelo Institute Warwick Medical School, da University of Warwick, Coventry, na Inglaterra, e que foi publicada no Arch Gen Psychiatry, em 2009, concluiu que as vítimas das agressões acima citadas se tornavam mais susceptíveis de apresentar sintomas psicóticos, no início da adolescência. Neste sentido, das 6.437 crianças estudadas desde o nascimento, e submetidas anualmente a avaliações física e psicológica, aquelas que haviam sofrido agressões, por parte dos colegas, apresentaram uma propensão, quatro vezes maior, de desenvolver sintomas psicóticos - alucinações, delírios e distúrbios de pensamentos - na pré-adoles cência, quando comparadas com as crianças que não sofreram violências (o grupo de controle).
Mesmo aquelas que não foram vitimizadas, e, apenas, presenciaram as cenas de vandalismo em relação aos colega(s), temendo vir a se tornar a próxima vítima, estavam mais propensas a ser pessoas desajeitadas, do ponto de vista social, e mais susceptíveis de ser alvo de chacotas, quando adultos, principalmente em âmbito profissional. O mesmo resultado foi encontrado em uma pesquisa realizada com gêmeos monozigóticos, que frequentaram educandários distintos: aquele que sofreu agressões de seus pares apresentou dificuldades sociais, ao passo que seu irmão (ou irmã), que não vivenciou tal situação, não apresentou qualquer dificuldade social.
De forma geral, então, a violência escolar deveria ser um alvo de maior interesse, em se tratando da prevenção e intervenção precoce à saúde mental e à profilaxia das psicoses. E, se 10% das crianças inglesas sofreram ou virão a sofrer algum tipo de agressão, por parte dos seus colegas, imaginem os(as) leitores(as), em nosso país, o percentual de casos que existe entre as crianças das populações marginalizadas.

Arrematando: o bullying aumenta, sobremaneira, a probabilidade de as crianças desenvolverem transtornos psiquiátricos, a exemplo da esquizofrenia e da depressão na adolescência, estendendo-se isso à vida adulta. Por sua vez, as crianças e adolescentes que são abusadoras(es), no presente, também estão propensos a desenvolver comportamentos antissociais no futuro. Portanto, qualquer tipo de violência na idade escolar, deve ser encarado como um sério problema, agora e sempre.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Bode Expiatório




BODE EXPIATÓRIO
Psicoterapeuta de Jovem
Meraldo Zisman


A Literatura representa uma grande ferramenta para o registro histórico das epidemias que assolam a humanidade, ao longo dos tempos. Apesar das pragas do Egito Antigo, e de tantas outras descritas no Velho Testamento, prefiro saltar no tempo e começar pela época do Renascimento, com o Decameron, de Giovanni Boccaccio, e suas novelas escritas entre 1348 e 1353. Relata esse autor a tragédia vivenciada pela população européia, e as mortes causadas pelas pandemias da peste bubônica - a denominada peste negra - que, de 1347 a 1350, dizimou mais de uma terça parte da população daquele continente.

Relembro, e muito bem, das minhas leituras de adolescente, o livro Peste, de Albert Camus, uma obra que valeu ao autor o Prêmio Nobel de Literatura em 1957. Nela, o leitor é levado a sentir como alguém reagiria, caso permanecesse isolado do mundo e vivesse em regime de quarentena. E, apesar de toda a desgraça, esse isolamento fez brotar o sentimento de solidariedade entre as pessoas.

Em princípio deste século, surgiu a gripe aviária, e, agora, em plena crise econômica mundial, aflorou o medo ancestral das pandemias (no caso, pelo vírus da influenza), uma lembrança que já faz parte do inconsciente coletivo, e que remete à catástrofe representada pela Gripe Espanhola (1918 -1919).

Quanto à pandemia da gripe suína, ela continua na ordem do dia, seja pela facilidade do deslocamento das pessoas, seja em decorrência do bombardeio midiático, que torna mais intenso, ainda, o medo atávico das populações.

Alguns renomados infectologistas, mais inocentes que maldosos (prefiro considerar assim), enxergam as epidemias como grandes oportunidades para a alavancagem dos progressos da Medicina. Esses profissionais chegam a afirmar que, a vacina Sabin, foi criada em 1960, devido à pressão popular do povo americano. Isto porque a maior potência do mundo não poderia ser desmoralizada pelo minúsculo vírus da poliomielite. Por conta disso, Albert Sabin produziu uma vacina e derrotou o vírus da paralisia infantil.

Tais declarações jamais deveriam ser feitas por aqueles que se proclamam médicos ou cientistas e, muito menos, por líderes das grandes potências mundiais. No que diz respeito ao fato de as guerras desenvolverem a Medicina, eu pergunto: quais foram as grandes descobertas, para a ciência e para o bem da humanidade, feitas pelos nazistas nos campos de concentração?

Com o surgimento da gripe suína, em 2009, a Organização Mundial de Saúde encarregou-se de trocar esse nome pela sigla AH1N1, para que as pessoas não rejeitassem todo e qualquer rebanho suíno, ou passassem a exterminá-los.

Cabe registrar que meu pai, um sobrevivente dos pogroms da velha Rússia, me contou como os ânimos dos súditos do Czar se tornavam mais acirrados de antissemitismo, durante as epidemias de cólera morbus. A polícia daquele imperador colocava, sempre, a culpa das epidemias nos judeus, para poder desviar, assim, o ódio da população pela falta de educação, de comida e de saneamento básico, entre tantos outros.

Neste sentido, enquanto durar a epidemia do vírus AH1N1, os judeus (pelo menos, os ortodoxos), por não comerem carne de porco e seus derivados, estão livres, teoricamente, de contrair a doença. Dessa forma, não poderão ser acusados de contagiar a população não judaica.

Como judeu que sou, afirmo que, por hora, estamos salvos dessa culpa. No presente, devemos nossa salvação aos porcos. Obrigado, suínos amigos! Como nós, vocês também foram transformados em bodes expiatórios e estão ameaçados de extermínio!



Genes e Humanidade

GENES E HUMANIDADE
*MERALDO ZISMAN
PSICOTERPEUTA DE JOVEM
Publicado na Coluna do Carlos Brickman

Apesar de as comparações iniciais terem revelado que, cerca de 40 milhões de pares de genes (somente 1,2% do total), são diferentes do chimpanzé, não é possível elaborar estudos comparativos da espécie humana, exclusivamente, pela quantidade de DNA existente no genoma desse primata, o parente vivo mais próximo do Homem: isto seria tão absurdo quanto a mentalidade das pessoas, nas escolas, desfavoráveis ao ensino da teoria de Darwin.
Essa pequena alteração, porém, possui um grande impacto nas diferenças entre as duas espécies. Ela deu um cérebro maior ao ser humano, a possibilidade de andar ereto sobre os dois pés, as habilidades lingüísticas complexas, a percepção do som e a transmissão de sinais nervosos, além da capacidade de adaptação aos mais diferentes ambientes.
Calcula-se entre oito ou doze milhões de anos atrás, a época do maior número de duplicação dos genes, que causou a separação das linhagens dos humanos e dos chimpanzés, para melhor se adaptar às variações climáticas e alimentares. Nesta mudança dos genes surgiram as habilidades cognitivas (o processo ou a faculdade para adquirir conhecimentos complexos), e elas foram se tornando essenciais para a vida na sociedade humana, que é cada vez mais complexa.
Estudos mais recentes comprovam que as pequenas diferenças, entre o genoma humano e o do chimpanzé, são dez vezes maiores do que apontam as pesquisas feitas há poucos anos atrás, quando os estudos genéticos ainda estavam engatinhando. A chave para tal descoberta foi o estudo da duplicação de fragmentos de DNA, repetidos ao longo do genoma, que era difícil de distinguir e, por essa razão, não foi levado em conta no final do século XX. Foi, precisamente, o estudo das duplicações de todo o genoma das espécies de grandes macacos - orangotangos, chimpanzés e gorilas - que permitiu um avanço, através do qual se elaborou o primeiro catálogo específico das regiões, dos diversos genomas, entre símios e seres humanos.
As duplicações dos segmentos são fragmentos do genoma, que, devido a mecanismos moleculares muito complexos, em determinados momentos da evolução, empreenderam múltiplas cópias de si mesmo, e estas foram sendo inseridas em diversos lugares do próprio genoma. O genoma do chimpanzé, por exemplo, revela o que nos faz diferente dele.
Seres humanos e primatas possuem um ancestral comum: alguma criatura, semelhante ao macaco, que, há cerca de seis milhões de anos, viveu na Terra. No entanto, o tempo se encarregou de esculpir os genomas do macaco e do Homem, em sentidos diferentes. Cinqüenta e três genes presentes no genoma humano, ou não existem, ou, caso existam, no chimpanzé são de forma imperfeita. Assim, o próximo desafio da genética será descobrir o que esses genes fazem. Será que eles poderiam explicar por que somos humanos? Esperamos que sim, além de esclarecerem muitas patologias que assolam a nossa espécie, particularmente, as doenças mentais.
*Meraldo Zisman é médico, Prof. Titular de Clinica Pediatrica Médica da Universidade de Pernambuco, Ex presidente da Academia Pernambucana de Escritores Médicos, Membro da Academia Brasileira de Escritores Médicos, Ex Presidente da Sociaedade Brasileira de Psicosomatica - Recife - PE e Psicoterapeuta de Jovens.

Cautela Sociopática


CAUTELA SOCIOPÁTICA
Meraldo Zisman
PSICOTERAPEUTA DE JOVENS

Escudado na missão de informar, o profissional da mídia luta contra dois fortes inimigos: o poder político e o poder econômico. Como cidadão, observo apreensivo o agravamento de tal situação.
Há muitos anos, a Medicina Psicossomática enfatiza a importância que tem um lar bem estruturado, na formação da cidadania, bem como os perigos advindos da ausência dele. Alguns leigos e certos estudiosos, em um primeiro impulso, acusam a mídia como um dos fatores causais do incremento da violência. Acredito que qualquer meio de comunicação de massa, por maior que seja o avanço tecnológico, não produz acontecimentos: ele, apenas, apresenta, exibe, escreve e transmite o que o público deseja assistir.
Ambientes domésticos deficitários estão presentes em todas as camadas sociais, o que facilita a geração de sociopatas. Sociopata é um indivíduo cuja personalidade se caracteriza pelo desprezo às obrigações sociais, pela falta de consideração para com os sentimentos de outrem, por possuir um egocentrismo exacerbado, que, para satisfazê-lo, não leva em conta os meios e as pessoas a quem possa ferir, destruir, ou matar, em suas macabras empreitadas.
Geralmente, os portadores desses distúrbios apresentam um charme superficial em relação às outras pessoas, e possuem inteligência normal ou acima da média. Em outras palavras, não são considerados doentes mentais e, portanto, são responsáveis pelos atos anti-sociais que praticam.
Durante a formação da personalidade, quando a mãe não é "boa o suficiente", ou a família é disfuncional e não apresenta um ambiente adequado à educação dos filhos, é gerada uma "angústia de separação", posto não ter havido oportunidade de introjetar as figuras materna e paterna, como fonte de segurança, para atender as necessidades vitais, enquanto completamente dependente. Os comportamentos resultantes têm um elevado potencial destrutivo. Neste sentido, urge que a profilaxia desse distúrbio seja focada no Lar, levando-se em conta a psicodinâmica do sentimento de amparo/desamparo, e as etapas de crescimento e desenvolvimento do ser humano.
Advogo prudência, senhores profissionais de Jornalismo! Essa angústia em busca de picos de audiência pode transformá-los em prisioneiros-vítimas-cúmplices da mesma violência que ocorre, e que um bom jornalista-cidadão deve abominar. Seus malefícios superam o direito sagrado de informar!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os Brancos de Olhos Azuis

Os Brancos de Olhos Azuis
Meraldo Zisman
Psicoterpeuta de jovem

Quando a autoridade máxima no Brasil afirma que os culpados da crise monetária internacional foram os banqueiros brancos de olhos azuis julgo ser esses escritos, retirados em parte, do Livro Marranismo (Edição Bagaço, Recife/PE -2005), bastante pertinente.
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RACISMMO REVERSO
Lembro que, todos nós no Brasil não passamos de filhos de imigrantes excetuando os ameríndios. Pouco importa se embarcados em portos africanos (compulsoriamente) ou da Europa, fugidos de perseguições, guerras, fome, falta de oportunidade... são cativos de pele alva. Não envolver a cor da pele como característica de brasilidade. Somos um país de maioria morena; os brancos têm direito também à cidadania brasileira. São tão brasileiros quanto os de outras colorações.
Voltando as nossas origens o pedido simbólico de Mario Soares então presidente da República Portuguesa em 1889, na sessão evocativa dos 500 anos do decreto de expulsão dos portugueses de Origem judaica em dezembro de 1996 no Parlamento Lusitano, da revogação do Decreto de Expulsão dos portugueses de fé mosaica, são exemplos de um processo de recuperação histórica (lento) das nações de língua portuguesa. Por mais difícil ou atrasada a democracia e a verdade sempre vencem. Livrar-se de Salazar e Franco, levou muito mais tempo que se livrar de Hitler, Mussolini e/ou os Stalins da História.
A influência dos judeus portugueses na formação do Brasil, seus bandeirantes, suas fugas e costumes preservados as escondidas para refugiarem-se do Santo Tribunal do Santo Oficio, homiziar-se mos sertões nordestinos, espalhando seus costumes e tradições do no povo sertanejo faz carecer a abertura dos departamentos universitária para estudo do marranismo. O Brasil, para se impor com nação líder da América Latina e de importância mundial tem que conhecer o seu passado. O futuro torna-se grandioso se dele podermos retirar ensinamentos pretéritos.
A Inquisição é a precursora do anti-semitismo moderno, e de seu expoente máximo, o nazismo. Mais de quatrocentos anos antes de Hitler, os portugueses precisavam comprovar até a oitava geração que não tinham sangue judeu na família quando acusados de seguir a Lei de Moisés. Na Alemanha nazista, exigia-se provar que não havia um judeu na ascendência até a quinta geração. (Será que no meu Brasil não estaremos implantando um racismo reverso?). Eu afirmo:
- TODA E QUALQUER FORMA DE PRECONCEITO É INJUSTIFICÁVEL?